Estrutura criada nos primeiros dias de guerra foi esvaziada após o desembarque de Benny Gantz, líder de uma das principais forças de oposição no país

Porto Velho, Rondônia - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, dissolveu nesta segunda-feira o Gabinete de guerra, criado nos primeiros dias do conflito com o grupo terrorista Hamas para tomar as decisões sobre a ofensiva militar na Faixa de Gaza. A decisão foi tomada dias após a saída do opositor Benny Gantz e do general Gadi Eisenkot da estrutura ter estimudo demandas de políticos de extrema direita para integrar o influente grupo.

Netanyahu comunicou a dissolução do fórum aos demais integrantes na noite de domingo, segundo fontes do governo israelense ouvidas por veículos de imprensa como CNN, Reuters e Times of Israel. As decisões sobre o conflito passariam agora para um grupo mais restrito a integrantes do governo.

Desde que Gantz e Eisenkot — que eram vistos como vozes de moderação no órgão de cinco membros — renunciaram, as discussões sobre a guerra vem sendo conduzidas por Netanyahu em conjunto com seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, e conselheiros próximos, disse um funcionário do governo ouvido pelo New York Times.

De acordo com uma apuração inicial do jornal israelense Haaretz, parte dos assuntos anteriormente tratados no gabinete serão transferidos para o gabinete de segurança do governo, que inclui ministros de governo como Ron Dermer, da pasta de Assuntos Estratégicos, Tzachi Hanegbi, chefe do Conselho de Segurança Nacional e Aryeh Deri, presidente do partido Shas, este último que já exercia papel de observador.

O grupo também inclui os líderes partidários ultranacionalistas Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional, e Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, que pressionavam o primeiro-ministro para assumir as vagas abertas na estrutura antiga. Embora inclua os extremistas, o novo formato dilui a influência direta deles sobre a tomada de decisões, em comparação ao formato antigo, caso tivessem sido incluídos no gabinete de guerra.

Tanto Ben-Gvir quanto Smotrich defendem uma posição linha-dura contra o Hamas e outras facções da resistência palestina na Cisjordânia. Ben-Gvir já defendeu abertamente a reocupação de Gaza, uma linha que o comando militar e político do país não ousaram cruzar publicamente desde o início da guerra.

Pausa tática

O anúncio também acontece após as Forças Armadas israelenses anunciarem uma suspensão “local e tática” das operações militares diurnas perto de uma passagem de fronteira em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, que provocou a ira da extrema direita.

A medida foi anunciada como parte de um esforço para facilitar a distribuição de ajuda humanitária, após meses de advertências sobre a intensificação da fome no território palestino, com uma pausa operacional “das 8h às 19h todos os dias, até nova ordem, ao longo da estrada que conecta o cruzamento de Kerem Shalom à estrada de Salah al-Din e segue em direção ao norte”. O posto de fronteira, controlado por Israel, fica na intersecção entre Gaza, Egito e Israel.

Ben-Gvir, reagiu afirmando que a pausa humanitária fazia parte de uma “abordagem louca e delirante”, descrevendo “quem tomou essa decisão” como “malvado” e “tolo”. Já o Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse que a ajuda humanitária ajudou a manter o Hamas no poder e corre o risco de colocar “as conquistas da guerra no ralo”. (Com NYT)


Fonte: O GLOBO