Espécie foi encontrada na Austrália, e trabalho envolveu cooperação com o Brasil

Porto Velho, Rondônia - Uma nova espécie de pterossauro — como se chamavam os répteis voadores pré históricos — foi descoberta por pesquisadores brasileiros e australianos. Na semana passada, a revista Nature, uma das mais importantes do mundo sobre ciência, publicou o artigo que descreve o Haliskia peterseni, pterossauro de cerca de 4,6 metros, que vivia na Austrália no período Cretáceo.

Haliskia foi um pterossauro anhangueriano, categoria das espécies de médio a grande porte, que tinham crânios alongados e pontiagudos, e viveu durante parte do período Cretáceo, entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás. Normalmente, investigações paleontológicas encontram fragmentos de pterossauros, mas dessa vez foi identificada uma espécime quase completa, em Queensland, o que pôde revelar mais sobre suas características.

O estudo foi liderado pela australiana Adele H. Pentland e contou com a participação de dois pesquisadores brasileiros: o paleontólogo Alexander Kellner, do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional/UFRJ e Renan Bantim, do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, da Universidade Regional do Cariri. Além das universidades brasileiras, pesquisadores de cinco institutos australianos atuaram no trabalho.

O nome, Haliskia peterseni, é uma homenagem a Kevin Petersen, responsável por encontrar o fóssil - um crânio parcialmente preservado, a mandíbula completa, aparelho hioide (gargante), e esqueleto pós-craniano parcial - em sua propriedade, uma fazenda no oeste de Queensland. Além de fazendeiro, Petersen é curador amador de um museu de fósseis.

Kellner celebrou a possibilidade de "novas compreensões" a partir da "preciosidade" descoberta. Ele explicou que o Haliskia se distingue de todos os outros pterossauros anhanguerianos com base em caracteres dentários.

— Também investigamos seus hábitos alimentares, afinidades filogenéticas (proximidade evolutiva entre diferentes organismos) e estimamos a sua envergadura. Concluímos que esse pterossauro teria aproximadamente 4,6 metros de envergadura e se alimentava de invertebrados de corpo mole e ou outras presas escorregadias. Tal hábito alimentar viria de uma combinação única de características presentes no Haliskia resultante da divisão de nicho — explica Alexander Kellner.

Com o estudo, será possível indicar possibilidades de classificação taxonômica, ou seja, de grupos e classes de pterossauros dessa nova espécie. Segundo os paleontólogos, a descoberta sugere que os grupos que viviam na Austrália eram muito diversos e complexos.

O gênero Anhanguera, por exemplo, veio de um pterossauro descoberto no Brasil. Os anhanguerianos eram adaptados para longos voos sobre os mares e lagos, e eram predadores especializados em capturar peixes, favorecidos pelas suas mandíbulas alongadas e dentes afiados. Além disso, suas membranas lhes permitiam planar e voar de forma eficiente.


Fonte: O GLOBO