União Brasil e PSD, por exemplo, incluem no diálogo nas principais cidades uma composição de olho nas disputas internas no Congresso
Porto Velho, Rondônia - Parlamentares interessados em comandar o Senado e a Câmara a partir de 2025 têm usado o peso de seus partidos para fechar acordos nas eleições municipais que também fortaleçam suas pré-candidaturas nas duas Casas. União Brasil e PSD, por exemplo, incluem no diálogo nas principais cidades o apoio a seus candidatos à sucessão no Congresso. Entre os exemplos estão os movimentos recentes em Salvador, Recife, Boa Vista, São Paulo e Rio.
A cúpula do União Brasil trata como prioridade eleger Davi Alcolumbre (AP) para comandar o Senado e Elmar Nascimento (BA) para chefiar a Câmara. O PSD, presidido por Gilberto Kassab, lançou Antonio Brito como pré-candidato na Câmara. Em outra direção, o Republicanos, que tem à frente Marcos Pereira (SP), interessado em comandar a mesma Casa, ainda procura desvincular os pleitos locais do cenário nacional.
Depois de se aproximar do PSB fechando apoio do União Brasil a João Campos, em Recife, Elmar busca o apoio do PL para suceder Lira. Apesar disso, o União Brasil ainda enfrenta dificuldades para fechar acordo em cidades como Rio e São Paulo, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro se engaja pessoalmente na disputa.
Na capital paulista, uma das possibilidades é apoiar o prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas há conversas também com Pablo Marçal (PRTB) e a hipótese, menos provável, de candidatura própria com o deputado federal Kim Kataguiri.
Troca de apoio ex-Rota
Nunes vai anunciar hoje o coronel Ricardo Mello Araújo (PL), nome de Bolsonaro, como seu vice (leia mais abaixo), mas que provoca insatisfação no União. Segundo a “Folha de S. Paulo”, a sigla busca trocar seu endosso ao ex-coronel da Rota por um apoio do PL a Elmar na Câmara.
Nunes se reuniu ontem com o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e com o presidente da Câmara municipal, Milton Leite (União), para tentar chegar a um acordo sobre o vice, mas a definição não foi sacramentada. Ainda assim, o prefeito avalia que o União vai aceitar a escolha para seu companheiro de chapa. Elmar, por sua vez, declarou que a disputa em São Paulo não faz parte de um acordo envolvendo sua sucessão.
Elmar foi um dos principais articuladores para o apoio do União à reeleição de João Campos (PSB), que sinalizou o endosso ao deputado na sucessão de Lira. Além do diálogo com o prefeito, o líder partidário também se aproximou dos deputados Pedro Campos (PSB-PE) e Tabata Amaral (PSB-SP), irmão e namorada de João, respectivamente.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que também já se reuniu com os deputados Antonio Brito (PSD-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP), evita cravar um apoio.
Vice-presidente do União Brasil, ACM Neto disse que em algumas das cidades em que o partido vai apoiar candidatos de outras siglas é esperado que elas retribuam com o apoio a Elmar na Câmara e a Alcolumbre no Senado:
— Onde não temos candidato próprio e o arranjo local não tiver um propósito maior, é possível avaliar um jogo nacional.
A legenda tem o terceiro maior tempo de televisão e é cobiçada por outros partidos. O União vai endossar, por exemplo, pré-candidatos do Podemos, PSDB, PSB, PSD e PL em algumas capitais.
No Rio, o entendimento de dirigentes é que há duas opções para o União, já que a pré-candidatura de Rodrigo Amorim (União) é vista como um movimento que não deve prosperar: apoiar o prefeito Eduardo Paes (PSD) ou o deputado Alexandre Ramagem (PL). A direção nacional do União é próxima a Paes, mas há também conversas para apoiar o aliado de Bolsonaro, o que facilitaria uma composição do PL com Elmar.
Movimentação no Rio
A sigla do ex-presidente também é alvo de cobiça do deputado Dr. Luizinho (PP-RJ), visto na Câmara como uma alternativa à sucessão de Lira caso outras candidaturas não decolem. Ele tem atuado para aproximar PP e PL no estado, com alianças em Niterói e Campos dos Goytacazes. Na primeira, Luizinho atuou no apoio do PP a Carlos Jordy (PL).
Brito, por sua vez, chegou a sinalizar uma candidatura própria do PSD à prefeitura de Salvador, mas recuou e anunciou o apoio ao nome do MDB, Geraldo Júnior. Em troca, ele espera que os emedebistas o apoiem na sucessão da Câmara.
No caso do Senado, a dinâmica é parecida. Davi Alcolumbre, por exemplo, busca usar a influência que tem dentro do partido para resolver uma briga interna em Boa Vista, onde o deputado federal Nicoletti e a deputada estadual Catarina Guerra disputam a indicação da legenda para concorrer à prefeitura da capital.
Catarina é aliada do PP em Roraima e tem o apoio do governador Antonio Denarium (PP) e do senador Hiran Gonçalves (PP). Para não desagradar o partido, Alcolumbre tenta fazer com que a sigla opte pela deputada.
Ao mesmo tempo, os pré-candidatos à sucessão de Lira se movem para dividir a base de apoio dos concorrentes. Brito buscou se aproximar de Alcolumbre. Como trunfo, o líder do PSD tem tentado usar o fato de a sigla ter a maior bancada do Senado. Brito promete barrar o movimento de candidatura própria se Alcolumbre for contra Elmar, seu colega de legenda, e apoiá-lo.
Na mesma linha de tentar defecções, Elmar tenta apoio no varejo dentro da bancada do PSD. Ele também tem buscado proximidade com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que é do PSD. O discurso oficial de parte dos deputados do PSD é que eles apoiarão Brito, mas há a ressalva de que há uma janela aberta para a aliança com Elmar caso o líder da bancada não se viabilize.
Fonte: O GLOBO
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