Em busca de apoio para garantir os votos dos delegados democratas escolhidos nas Primárias, a presidenciável tem a missão de unificar o partido e torná-lo competitivo na disputa com Donald Trump

Porto Velho, Rondônia - Em seu primeiro discurso público desde que se tornou candidata à vaga do Partido Democrata na disputa pela Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris exaltou o legado de Joe Biden, afirmando que o atual mandatário fez mais nos últimos três anos do que a maioria dos líderes americanos fez em dois mandatos completos. 

A declaração foi feita nesta segunda-feira, um dia após Biden desistir de concorrer à reeleição – decisão tomada após semanas de especulações sobre a saúde física e a agilidade mental do democrata de 81 anos.

Com Biden ainda ausente por ter sido diagnosticado com Covid-19, Kamala recebeu na Casa Branca as equipes campeãs da principal liga de esportes americanos, a NCAA. Antes de se dirigir aos atletas estudantes, ela pontuou que o democrata estava se sentindo “muito melhor” e que se recuperava “rapidamente”. 

Sem fazer menção à sua candidatura, a vice-presidente se limitou a dizer que conheceu Biden por meio do filho dele, Beau, morto em 2015. Ela afirmou que “as qualidades reverenciadas por ele em seu pai são as mesmas que” ela viu “todos os dias” no presidente. O discurso foi recebido com aplausos pela multidão.

— Sua honestidade, integridade, seu compromisso com sua fé e sua família, seu grande coração e seu amor profundo pelo nosso país. Sou testemunha de que todos os dias o nosso presidente, Joe Biden, luta pelo povo americano. Somos profundamente gratos por seu serviço à nossa nação — disse. — O legado de Joe Biden nos últimos três anos é inigualável na História moderna.

Pouco depois de declarar que não continuará na corrida pelo segundo mandato, Biden endossou a candidatura de sua vice-presidente nas redes sociais. “Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas: é hora de nos unirmos para derrotar Trump. Vamos fazer isso”, escreveu. Minutos mais tarde, Biden pediu doações para a campanha de Kamala.

Na sequência, ela disse que estava “honrada” por receber o apoio e endosso do presidente – e afirmou que pretende “merecer e conquistar” a indicação do Partido Democrata. E, apesar de não ter substituído automaticamente Biden na corrida eleitoral, Kamala prometeu fazer “tudo o que estiver ao meu alcance” para unir o partido, o país e derrotar o ex-presidente Donald Trump, o candidato republicano.

Desde então, a vice-presidente americana está em campanha presidencial e mantém agenda digna de uma candidata em momento decisivo de campanha. Apenas no domingo, num período de 10 horas logo após o comunicado de Biden, a democrata ligou para cerca de 100 líderes e apoiadores influentes do partido. Foi, em média, uma ligação a cada seis minutos, de acordo com fontes ouvidas pela imprensa americana.

Cinco governadores democratas, alguns dos quais eram considerados possíveis rivais de Kamala Harris, apoiaram nesta segunda-feira a vice-presidente dos Estados Unidos para substituir Joe Biden como candidata nas eleições de novembro.

"Estou entusiasmada por apoiar Kamala Harris para a presidência dos Estados Unidos", disse a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, em um comunicado conjunto com os governadores de Illinois, Minnesota e Wisconsin. O de Maryland, Wes Moore, também apoiou a candidatura da vice-presidente.

A 107 dias da eleição, Kamala tem um caminho mais curto e intenso do que qualquer outro candidato. Ainda em busca do apoio necessário para garantir os votos dos delegados democratas escolhidos nas Primárias, a presidenciável tem a missão de unificar o seu partido e torná-lo competitivo na disputa com Donald Trump, revertendo a vantagem que o rival mantém nas pesquisas de intenção de voto.

Em menos de 24 horas, segundo a equipe de campanha de Kamala, ela arrecadou mais de US$ 50 milhões (R$ 277 milhões). A quantia, segundo o New York Times, é parte de uma soma ainda maior coletada por meio do ActBlue, o portal de doações usado por democratas em todas as eleições. Até a manhã desta segunda, o site já havia processado mais de US$ 80 milhões (R$ 444 milhões) desde o anúncio de Biden.


Fonte: O GLOBO