Em café da manhã para jornalistas de agências internacionais, presidente afirmou que vai congelar despesas, se necessário. Ele afirmou ainda que país pode 'quebrar' se gastos forem maior que arrecadação

Porto Velho, Rondônia - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ele e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda terão de chegar a um acordo sobre o nome do novo presidente do Banco Central, enquanto os investidores avaliam se a mudança poderá influenciar a política monetária do país.

Lula disse a repórteres em Brasília nesta segunda-feira que espera escolher um candidato que seja tecnicamente competente, além de honesto e sério. O indicado deve demonstrar autonomia tanto em termos de comportamento quanto de respeito, disse Lula, ao mesmo tempo que reforçou suas preocupações com o crescimento da economia.

“Estamos trabalhando para reduzir a taxa de juros, que o grande impeditivo do crescimento mais vigoroso do Brasil é a taxa de juros mais cara do mundo”, disse Lula. “Daí a relevância da nossa seriedade na questão fiscal, mas a relevância de o Banco Central pensar um pouco nesse país e não só na sua função dentro do Banco Central.”

Segundo a agência Reuters, o presidente afirmou que "sempre que precisar bloquear, nós vamos bloquear", em referência a necessidade de congelar despesas quando necessário. "O mesmo dinheiro que você precisa cortar agora, você pode não precisar cortar daqui a dois meses, depende da arrecadação", informou a agência.

O chefe do Executivo afirmou ainda que, se gastar mais do que arrecada, o país "vai quebrar".

O petista disse que é importante ajudar a economia a crescer e a redistribuir a riqueza, além de controlar a inflação. “A minha responsabilidade com inflação é maior que a de qualquer cidadão que você pode imaginar no mundo”, disse Lula.

Os investidores ainda precificam aumento da Selic este ano em meio à incerteza sobre a política monetária no Brasil, tendo em vista que o mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, irá acabar no fim do ano. Lula, que pediu juros menores para impulsionar o crescimento, irá escolher um novo presidente do BC e, também, mais dois diretores — o que significa que o Copom passará a ter a maioria dos membros nomeados por ele.

O Copom deve manter a taxa de juros estável em 10,5% na próxima semana, pela segunda reunião consecutiva. Economistas aumentaram as estimativas para inflação em 2024 a 4,05%, acima da meta de 3%, de acordo com a pesquisa Focus publicada pelo BC hoje.

(Colaborou Maria Eloisa Capurro)


Fonte: O GLOBO