Na primeira entrevista após o atentado, ex-presidente diz que iria atacar governo Biden no lançamento oficial de sua campanha, mas vai mudar o foco para 'união' do país

Porto Velho, Rondônia - O ex-presidente dos EUA Donald Trump afirmou que "deveria estar morto" ao comentar o atentado que sofreu no sábado, durante um comício eleitoral na cidade de Butler, na Pensilvânia. A declaração de Trump foi feita no fim da noite de domingo a repórteres dos jornais New York Post e Washington Examiner, a caminho de Milwaukee, onde começa nesta segunda-feira a Convenção Nacional Republicana. O candidato prometeu um discurso "totalmente diferente" do que havia planejado, retirando o foco das críticas ao governo do atual presidente Joe Biden e pedindo a união do país.

— Eu não deveria estar aqui, eu deveria estar morto — disse Trump ao jornal americano, com uma bandagem branca cobrindo a orelha direita, perfurada pela bala do atirador, Thomas Matthew Crooks.

Trump descreveu a situação como uma "experiência muito surreal", e disse que estaria morto se não tivesse inclinado a cabeça para a direita.

— Por sorte ou por Deus, muitas pessoas estão dizendo que é por Deus que ainda estou aqui — disse, elogiando o Serviço Secreto que inutilizaram o atirador logo após os primeiros disparos. — Eles o mataram com um tiro bem no meio dos olhos. Eles fizeram um trabalho fantástico.

Trump, de 78 anos, retorna à arena política nesta segunda-feira como a estrela da Convenção Nacional Republicana, que o confirmará como candidato para a eleição presidencial de novembro. Ele revelou ao jornal que estaria reescrevendo o discurso que tinha preparado para o evento político.

Anteriormente, disse Trump, ele preparou "um discurso extremamente duro" sobre a "horrível administração de Biden". Ele ainda acrescentou que "jogou fora" esse discurso, e vai trocá-lo por um que espera que possa "unir o país".

— Mas não sei se isso é possível. As pessoas estão muito divididas — afirmou.


Mapa do local do comício de onde os tiros foram disparados contra Donald Trump — Foto: Editoria de Arte

O espaço que será utilizado pela convenção vai ser submetido a um grande esquema de proteção policial, incluindo o serviço secreto, duramente criticado pela falha de segurança ao permitir que o atirador se aproximasse a menos de 140 metros do candidato à Presidência, com um fuzil semiautomático.

Antes da entrevista ao jornal americano, Trump já havia se pronunciado por meio das redes sociais, e pessoas do entorno do ex-presidente comentaram sobre diálogos mantidos com ele após o atentado.

Em uma entrevista no domingo, o médico e deputado republicano Ronny Jackson, do Texas, afirmou ter conversado por telefone com Trump. Segundo ele, o ex-presidente disse que um gráfico com estatísticas de imigração, que sua campanha apresentava em uma tela à sua direita no comício, teria salvado sua vida, pois instantes antes do tiro ele se virou para apontar para um dado.

— Ele disse: 'A patrulha da fronteira salvou minha vida' — contou Jackson, narrando a conversa com Trump. — 'Eu estava revisando aquele gráfico da patrulha da fronteira'. Ele disse: 'Se eu não tivesse apontado para aquele gráfico e virado minha cabeça para olhar, a bala teria me atingido'.

Em dois pronunciamentos na rede social Truth Social, Trump se manifestou diretamente ao público. Na primeira publicação, confirmou que o disparo havia perfurado a parte superior de sua orelha direita. Em uma outra publicação no domingo, ele pediu a união dos americanos.

Imagem icônica

Trump cai do palco durante comício na Pensilvânia com sangue no rosto e após disparos serem ouvidos — Foto: The New York Times

Na entrevista ao New York Post, Trump também comentou sobre a imagem em que aparece erguendo o punho, em um gesto desafiador, enquanto agentes do serviço secreto o protegiam e tentavam retirá-lo do local.

— Muitas pessoas dizem que é a foto mais icônica que já viram — disse o ex-presidente ao Post. — Eles estão certos e eu não morri. (Com AFP)


Fonte: O GLOBO