Políticos têm divergências sobre apoio do partido a candidato do MDB em Salvador, além de enfrentarem queda de braço por indicação da sigla para vaga no Parlamento em 2026
Porto Velho, Rondônia - Integrantes do círculo mais próximo a Lula e aliados há décadas, o ministro Rui Costa (Casa Civil) e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), enfrentam novas divergências em áreas que vão da eleição de Salvador, o futuro político de ambos em 2026 e um embate de forças sobre os rumos do governo da Bahia.
A relação vem de 40 anos, quando ambos atuavam no Sindicato dos Químicos e Petroleiros de Camaçari (BA). Na descrição de pessoas próximas a eles, as fissuras ocorrem essencialmente pelo antagonismo entre os temperamentos. Enquanto Wagner tem perfil mais afável e próximo ao mundo político, Costa é direto e encarna o papel de gestor “tocador de obras”.
As distinções se acentuaram nas costuras para a eleição de 2022, quando Costa, governador bem avaliado em segundo mandato pela Bahia, pretendia disputar uma vaga ao Senado e precisou abrir mão do plano em nome da aliança com o PSD. O ministro já indicou que apenas adiou o plano, que ficou para 2026, mas o desejo entra em rota de colisão com a base petista na Bahia, que tem o PSD como principal aliado desde 2010. Os dois senadores da Bahia que vão concluir o mandato — Wagner e Angelo Coronel (PSD) — querem concorrer à reeleição.
O grupo de Costa entende que, após o recuo de 2022, quando deixou de disputar uma eleição dada como ganha, o ministro agora tem o direito de ser o candidato ao Senado. Estes aliados também enxergam nos movimentos de Wagner, que tem repetido que tentará um novo mandato, uma forma de ocupar espaço da vaga até 2026, quando de fato ocorrerá a definição.
Reeleição
Outra rusga recente ocorreu na comemoração de 2 de Julho na Bahia, quando Costa afirmou que tem “saudade” do contato direto com a população baiana. A afirmação foi interpretada pelo grupo ligado a Wagner como uma indicação de que o ministro tem desejo de voltar ao Palácio de Ondina em 2026, passando por cima da prerrogativa de Jerônimo Rodrigues (PT) de disputar a reeleição. Aliados do chefe da Casa Civil negam que essa seja a intenção do ministro. Procurados, Costa e Wagner não se manifestaram.
Interlocutores de ambos afirmam que a relação, muito próxima em outros momentos, atualmente é mais distante e, certas vezes, até protocolar, mas longe de um rompimento. Em entrevista ao GLOBO em junho, o senador afirmou que construiu uma história com Costa e não a jogaria fora.
Wagner foi responsável por levar Costa ao holofote da política, nomeando o aliado secretário de seu governo, postos que o cacifaram para ser o sucessor. Já na formação da equipe de Lula, foi Wagner quem sugeriu o nome de Costa para Casa Civil.
Considerado um dos cenários mais adversos para o PT no Nordeste, a eleição de Salvador também dividiu Costa e Wagner. O senador foi um dos principais fiadores do nome de Geraldo Júnior (MDB), vice-governador da Bahia, para disputar a eleição na capital que o PT nunca governou, embora comande o estado há 20 anos. Por outro lado, Costa defendia o nome do presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), José Trindade. Aliados de ambos os grupos preveem que Júnior deverá ser derrotado por Bruno Reis (União Brasil) no primeiro turno.
Mesmo sendo cabo eleitoral relevante em Salvador, Costa tem ficado distante da disputa local e não pretende colar sua imagem a uma provável derrota do vice de Jerônimo. O ministro deve dar mais atenção a outras cidades onde tenta eleger aliados, como Camaçari, Lauro de Freitas, Vitória da Conquista e Feira de Santana.
Enquanto tenta imprimir uma marca própria em seu governo, Jerônimo tem parte de sua gestão dividida entre o grupo ligado a Wagner e o que é mais próximo a Costa. Um dos pontos de conflito se dá sobre a de comunicação do governo baiano, em que cada lado defende uma linha de conduta diferente, gerando rusgas entre seus aliados.
Fonte: O GLOBO
Porto Velho, Rondônia - Integrantes do círculo mais próximo a Lula e aliados há décadas, o ministro Rui Costa (Casa Civil) e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), enfrentam novas divergências em áreas que vão da eleição de Salvador, o futuro político de ambos em 2026 e um embate de forças sobre os rumos do governo da Bahia.
A relação vem de 40 anos, quando ambos atuavam no Sindicato dos Químicos e Petroleiros de Camaçari (BA). Na descrição de pessoas próximas a eles, as fissuras ocorrem essencialmente pelo antagonismo entre os temperamentos. Enquanto Wagner tem perfil mais afável e próximo ao mundo político, Costa é direto e encarna o papel de gestor “tocador de obras”.
As distinções se acentuaram nas costuras para a eleição de 2022, quando Costa, governador bem avaliado em segundo mandato pela Bahia, pretendia disputar uma vaga ao Senado e precisou abrir mão do plano em nome da aliança com o PSD. O ministro já indicou que apenas adiou o plano, que ficou para 2026, mas o desejo entra em rota de colisão com a base petista na Bahia, que tem o PSD como principal aliado desde 2010. Os dois senadores da Bahia que vão concluir o mandato — Wagner e Angelo Coronel (PSD) — querem concorrer à reeleição.
O grupo de Costa entende que, após o recuo de 2022, quando deixou de disputar uma eleição dada como ganha, o ministro agora tem o direito de ser o candidato ao Senado. Estes aliados também enxergam nos movimentos de Wagner, que tem repetido que tentará um novo mandato, uma forma de ocupar espaço da vaga até 2026, quando de fato ocorrerá a definição.
Reeleição
Outra rusga recente ocorreu na comemoração de 2 de Julho na Bahia, quando Costa afirmou que tem “saudade” do contato direto com a população baiana. A afirmação foi interpretada pelo grupo ligado a Wagner como uma indicação de que o ministro tem desejo de voltar ao Palácio de Ondina em 2026, passando por cima da prerrogativa de Jerônimo Rodrigues (PT) de disputar a reeleição. Aliados do chefe da Casa Civil negam que essa seja a intenção do ministro. Procurados, Costa e Wagner não se manifestaram.
Interlocutores de ambos afirmam que a relação, muito próxima em outros momentos, atualmente é mais distante e, certas vezes, até protocolar, mas longe de um rompimento. Em entrevista ao GLOBO em junho, o senador afirmou que construiu uma história com Costa e não a jogaria fora.
Wagner foi responsável por levar Costa ao holofote da política, nomeando o aliado secretário de seu governo, postos que o cacifaram para ser o sucessor. Já na formação da equipe de Lula, foi Wagner quem sugeriu o nome de Costa para Casa Civil.
Considerado um dos cenários mais adversos para o PT no Nordeste, a eleição de Salvador também dividiu Costa e Wagner. O senador foi um dos principais fiadores do nome de Geraldo Júnior (MDB), vice-governador da Bahia, para disputar a eleição na capital que o PT nunca governou, embora comande o estado há 20 anos. Por outro lado, Costa defendia o nome do presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), José Trindade. Aliados de ambos os grupos preveem que Júnior deverá ser derrotado por Bruno Reis (União Brasil) no primeiro turno.
Mesmo sendo cabo eleitoral relevante em Salvador, Costa tem ficado distante da disputa local e não pretende colar sua imagem a uma provável derrota do vice de Jerônimo. O ministro deve dar mais atenção a outras cidades onde tenta eleger aliados, como Camaçari, Lauro de Freitas, Vitória da Conquista e Feira de Santana.
Enquanto tenta imprimir uma marca própria em seu governo, Jerônimo tem parte de sua gestão dividida entre o grupo ligado a Wagner e o que é mais próximo a Costa. Um dos pontos de conflito se dá sobre a de comunicação do governo baiano, em que cada lado defende uma linha de conduta diferente, gerando rusgas entre seus aliados.
Fonte: O GLOBO
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