Vítimas foram encaminhadas para o Instituto Médico-Legal e advogado confirma pedido de proteção

Gabi e Jhon registram ocorrência em delegacia do Porto — Foto: Arquivo pessoal para Portugal Giro

Porto Velho, Rondônia - Em entrevista ao Portugal Giro, Maria Gabriela de Carvalho Ribeiro Alves, pesquisadora e curadora da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, diz que pediu proteção à polícia após ser agredida em Portugal.

Ao lado do advogado Diego Bove, ela e o cabeleireiro Jhon Kennedy Pereira da Silva foram à delegacia no centro do Porto na manhã desta quarta-feira fazer o boletim de ocorrência.

Ela foi golpeada por trás por um homem, apesar de perguntar se os agressores iriam “bater em mulher”.

— Fui agredida por trás com um golpe na nuca. Pisotearam minha mão e atingiram minhas costelas enquanto estava caída no chão. Estou tremendo até agora — disse ela.

Gabi, como é conhecida, faz curadoria de eventos na Casa Odara, centro cultural e de apoio a imigrantes no Porto. Ela e Jhon, que trabalha no local, estão com medo de novas agressões.

— A gente tenta mobilizar as pessoas para ficarem aqui na Casa nesta semana. E pedi medida de proteção para a polícia. Estes homens não queriam ser filmados porque têm histórico de violência — declarou Gabi.

Diego Bove contou que, após prestarem queixa, a delegacia já encaminhou o caso para exame no Instituto Médico-Legal. A proteção poderá ser decidida pela polícia, que tem os agressores identificados e após concluir investigação, ou pelo Ministério Público.

— A conclusão de que houve crime está muito fácil, tem muito vídeo e foi tudo muito rápido hoje na delegacia. Outro caminho é direcionar petição a um juiz criminal e o Ministério Público assume. Eu passo a ser assistente de acusação e posso pedir proteção, o que fatalmente vou fazer — explicou Bove.

Hoje, às 18h30m, haverá uma manifestação de repúdio à xenofobia em frente à Casa Odara. Gabi contou que os trabalhadores brasileiros estão com medo porque receberam denúncias de ligação dos agressores com grupos de ultradireita.

— A Casa Odara não está segura, ninguém está seguro, porque não é um caso isolado. Sabemos que há pessoas se mobilizando contra imigrantes em Portugal e recebemos relatos de possíveis vínculos com organizações extremistas.

Ela conta que as pessoas que testemunharam as agressões se limitaram a tirá-la do local, sem impedir os agressores.

— Eles estão sempre aqui na rua. Estavam de olho na gente há algum tempo e fazem ameaças à Casa Odara no vídeo. Perguntei se iriam bater em mulher e isso não impediu. Eu, mulher branca, em plena luz do dia, ser agredida assim… — declarou Gabi.

Em seu Instagram, Jhon publicou uma sequência de stories, onde relata as ameaças à Casa Odara.

— Achei interessante vir contextualizar. Porque é sobre a existência não só minha e da Gabi, mas da Casa Odara e o que representa. Fica nítido no vídeo a ameaça sobre a existência da Casa Odara. Ele disse com todas as letras que sabia quem era a gente e que a casa era ilegal — disse ele, completando:

— Gabi está desestabilizada. Foi uma descarga do que pensam da nossa existência ali.

Apesar do medo, garante que vai continuar trabalhando:

— A gente vai continuar ali trabalhando como sempre fizemos.


Fonte: O GLOBO