Huw Edwards, âncora do BBC News at Ten acusado de pagar R$ 219 mil por fotos pornográficas de um menor de idade — Foto: ISABEL INFANTES/AFP
Porto Velho, Rondônia - O ex-âncora da BBC Huw Edwards, que já foi um dos rostos mais conhecidos da televisão britânica, conseguiu evitar a prisão nesta segunda-feira por comprar fotos classificadas como "repugnantes" de um menor de idade. O juiz Paul Goldspring sentenciou Edwards, de 63 anos, a uma pena de prisão de seis meses, a ser suspensa por dois anos (sursis) — ele não irá para a cadeia, a menos que reincida nesse período.
Ao sentenciar o apresentador e concedê-lo o sursis, o juiz levou em conta a confissão de culpa antecipada e destacou que Edwards não representava um risco para o público. Goldspring ressaltou que o réu "demonstrou remorso" e que uma sentença de custódia imediata não era necessária "porque as evidências mostravam que ele poderia ser reabilitado", reportou a BBC.
Edwards se declarou culpado em julho de três acusações de possuir imagens indecentes de crianças, entre dezembro de 2020 e agosto de 2021. O ex-âncora admitiu ter recebido 41 imagens indecentes de jovens pelo WhatsApp de um pedófilo. A maioria das crianças tinha entre 13 e 15 anos e uma tinha entre sete e nove anos.
Ele agora deverá concluir a reabilitação um programa de tratamento para criminosos sexuais por 40 dias, sob supervisão do Serviço de Liberdade Condicional. O ex-âncora ficará no registro de criminosos sexuais por sete anos e, por isso, terá de notificar a polícia sobre seu paradeiro.
Huw Edwards era um dos principais rostos do telejornalismo britânico. Estava havia 20 anos à frente do "BBC News at Ten", principal noticiário da emissora estatal, e cobriu eventos que marcaram a história do Reino Unido, como a coroação do rei Charles III, em maio. No quadro de funcionários da BBC havia quatro décadas, onde entrou como estagiário, Edwards foi quem anunciou para o mundo a morte da rainha Elizabeth II, em setembro de 2022.
O advogado de defesa Philip Evans disse ao tribunal que Edwards aceitou a "natureza repugnante das imagens" e estava "profundamente arrependido" por ter "traído tantas pessoas".
Depois da condenação, a Polícia Metropolitana divulgou a "mugshot" do apresentador, de quando ele foi detido, em novembro do ano passado.
Mugshot do ex-âncora da BBC Huw Edwards — Foto: Divulgação
Entenda o escândalo
Em julho de 2023, Edwards foi apontado como o apresentador afastado após uma reportagem do jornal The Sun acusá-lo de ter comprado as imagens pornográficas de um menor de idade, num valor equivalente a cerca de R$ 220 mil.
A esposa dele, Vicky Flind, afirmou, na ocasião, que o marido estava "sofrendo de sérios problemas de saúde mental" e no momento estava "recebendo cuidados hospitalares".
"Huw está sofrendo de sérios problemas de saúde mental. Como está bem documentado, ele vem tratando uma depressão severa nos últimos anos. Os acontecimentos dos últimos dias pioraram muito a situação, ele sofreu outro episódio grave e agora está sendo internado em um hospital, onde permanecerá no futuro próximo", disse Flind em um comunicado. "Para deixar claro, Huw foi informado pela primeira vez de que havia alegações contra ele na quinta-feira passada."
A declaração de Flind, que tem cinco filhos com o apresentador, veio a público logo após a Polícia Metropolitana anunciar que não havia evidências para a acusação e, por isso, encerraria as investigações relacionadas ao caso.
O escândalo teve início após o tabloide The Sun publicar o depoimento da mãe de um menor que acusou — sem nomear Edwards — um conhecido apresentador da BBC de ter pago dezenas de milhares de libras esterlinas em troca de fotos pornográficas do seu filho de 17 anos, não deixando claro o sexo do jovem. Segundo o jornal, a família teria informado a BBC em 19 de maio sobre o caso, mas o âncora continuou no ar por várias semanas.
O caso ganhou novos contornos dias depois, quando o governo britânico cobrou uma investigação da BBC, que suspendeu o apresentador. Até então, o nome dele não havia sido revelado ao público.
O próprio advogado que representou o jovem envolvido na suposta venda de imagens pornográficas minimizou as alegações. "Para não restar dúvida, nada inapropriado ou ilegal ocorreu entre nosso cliente e a personalidade da BBC, e as alegações relatadas no tabloide Sun são bobagem", disse em uma carta, na época.
Fonte: O GLOBO
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