Candidata do PSB mira eleitorado feminino na reta final da campanha, aposta nos últimos debates e diz ‘não ter o espaço que a sociedade dá para os homens’

Tabata Amaral durante conversa com mulheres: candidata ampliará acenos ao eleitorado feminino — Foto: Marcos Gouvea/Divulgação

Porto Velho, Rondônia - 
A candidata do PSB à prefeitura de São Paulo, Tabata Amaral, aceitou aderir nesta reta final de campanha a uma ideia à qual ela vinha resistindo: a de que ela deve acenar com mais ênfase para as mulheres. Hoje com 9% das intenções de voto, segundo o Datafolha, a deputada federal diz que “mulher tem que ser muito acima do que é o mínimo para ser considerada”, e reclama por não ter o mesmo espaço que é dedicado aos adversários do sexo masculino — criticando especialmente Pablo Marçal, do PRTB.

— Numa eleição em que a gente tem um cara que foi condenado e preso por fazer parte de uma quadrilha, onde praticamente todos eles têm ficha corrida, no final das contas meu grande erro perante a sociedade paulistana é ser mulher — afirmou Tabata nesta sexta-feira, durante uma roda de conversa para discutir ações contra a violência obstétrica.

Tabata diz que se propôs a fazer uma campanha sem direcionar o discurso para um público específico, apostando que atrairia votos de todas as matizes ao apresentar suas propostas para a cidade. Mas agora, diante da constatação de que é mais bem-aceita pelas mulheres, decidiu “sair do armário” e fazer apelos diretos a esse eleitorado feminino:

— Com toda essa violência do Marçal, com toda a putaria que está tomando conta dessa eleição, as mulheres estão olhando diferente para a gente. E eu que sou resistente a fazer discurso só para um público… foda-se, as mulheres querem isso. Não foi uma escolha minha. Então sim, a gente vai começar a ressaltar que é para a mulher mesmo. É claro que eu tenho mais propostas para as mulheres. Juntou a fome com a vontade de comer. É a gente sair do armário também. Eu não tenho o dinheiro que esses homens têm, eu não tenho o espaço que a sociedade dá para os homens.

O uso de palavrões em público deixou de ser incomum na rotina de Tabata desde o último debate, realizado na segunda-feira. Como mostrou o GLOBO, o expediente não havia sido planejado, mas foi bem-visto em sua campanha por ter ampliado o alcance da mensagem que a candidata pretendia transmitir.

Tabata aposta nos próximos encontros entre os candidatos para conquistar eleitores que até o momento não deram atenção ao processo eleitoral. A candidata vê espaço para tomar votos que hoje são endereçados a Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL):

— As pessoas vão começar a olhar para a campanha de verdade agora. Metade da população não cravou o voto ainda. É um momento muito importante para consolidar o voto, e também poder virar votos que estão hoje, especialmente, com o Boulos e com o Nunes. Não tenho máfia digital do Marçal, não dou cadeirada em ninguém, não sou da baixaria. Então o que eu posso fazer é contar com uma audiência maior e mostrar o que a gente está mostrando desde o primeiro debate, que o nosso time é o mais preparado.

Os últimos debates antes do primeiro turno da eleição estão marcados para ocorrer no sábado (TV Record), na segunda (‘Folha de S.Paulo’) e na quinta-feira (TV Globo).


Fonte: O GLOBO