Mandatário acusa uma tentativa de “golpe de Estado” após a abertura das apurações que miram supostos gastos não declarados durante a campanha
Gustavo Petro, presidente da Colômia. Foto: Luis Acosta/AFP
Porto Velho, RO - O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Colômbia decidiu abrir uma investigação para investigar um suposto envolvimento do presidente Gustavo Petro em um caso de financiamento irregular em campanhas eleitorais.
Em decisão anunciada na última terça-feira 8, o órgão eleitoral colombiano acusou Petro de omitir prestações de pagamentos da ordem de 925 mil dólares na campanha de 2022.
O CNE apontou que os financiamentos irregulares beneficiaram a coalizão Pacto Histórico, que era representada por Petro e por seu gerente da campanha, Ricardo Roa Barragán. O caso ainda teria beneficiado os auditores Juan Carlos Lemus Gómzes e María Lucy Soto Caro, bem como a tesoureira Aydee Mogollón Alfonso.
O mandatário reagiu à denúncia. “Começou o golpe de Estado”, escreveu Petro na rede X, logo após o anúncio da acusação. “O presidente chegará até onde o povo disser. Acham que têm o direito de debochar do voto popular e aqui não há um povo ajoelhado”, disse Petro, convocando a sua base para se manifestar nas ruas.
O caso
O CNE acusou a campanha de Petro de ocultar dados específicos da propaganda eleitoral de 2022. Além disso, segundo o órgão, a campanha não revelou que recebeu recursos de dois sindicatos colombianos: o dos professores do país, conhecido como Fecode, e do sindicato da Ecopetrol, a principal empresa de energia da Colômbia.
Os recursos não declarados teriam catapultado, por exemplo, o desempenho eleitoral de Petro na região do Caribe colombiano. Por lá, tradicionalmente, os votos costumam acompanhar os candidatos de direita, mas Petro saiu vencedor na região em 2022.
A investigação sugere que os gastos feitos com apoiadores na costa do Caribe colombiano não foram revelados.
Nos últimos tempos, a tese de uso irregular de recursos nesses eventos vem ganhando força. Em julho do ano passado, o filho do presidente, Nicolás Petro, chegou a admitir na Justiça que recebeu dinheiro de um chefe do narcotráfico na campanha.
Investigado por suposta prática de lavagem de dinheiro, o filho do mandatário reconheceu que o dinheiro foi dado por um narcotraficante conhecido como “homem Marlboro” [em referência à marca de cigarros]. Apesar disso, segundo ele, Petro não tinha conhecimento sobre as movimentações financeiras.
O caso ganhou força no meio do ano passado, quando uma ligação entre dois aliados de Petro – Armando Benedetti e Laura Saraiba – foi vazada. Na conversa, ambos ameaçavam “contar a verdade” sobre as supostas manobras com recursos na região caribenha.
O CNE, por si só, não pode cassar o mandato presidencial de Petro. Entretanto, pela lei colombiana, a investigação pode ser enviada à Câmara dos Representantes do país, fazendo com que o presidente seja submetido a um julgamento político.
Fonte: Carta Capital
0 Comentários